sexta-feira, 3 de maio de 2019

PALESTRA UBIRATAN D'AMBROSIO

UMA NOITE INESQUECÍVEL



              No início da noite do dia 25 abril de 2019, o programa pós-graduação em Educação Matemática e a coordenação do curso de Matemática diurno da UFJF, proporcionaram aos seus alunos um encontro muito especial, com o Professor Ubiratan D’Ambrosio.
             Uma palestra exclusiva para os alunos do mestrado em Educação Matemática e da licenciatura em Matemática. Um momento, digamos, único para formação inicial e continuada nesta grande área do saber.
            O que nos move a buscar esses encontros são as várias questões que permeiam a formação de professores, principalmente de professores de matemática: O que é ser professor de matemática? O que é matemática efetivamente? Como desenvolver uma matemática que visa a promoção da cidadania e o desenvolvimento das capacidades criativas? Tenho a convicção de que esses questionamentos acompanham a formação tanto inicial, quanto continuada, isto é, esses questionamentos fazem parte do processo de reconhecimento da profissão docente.
            Neste encontro, Ubiratan nos fez repensar o papel da escola, do professor e da própria matemática enquanto ciência (do ponto de vista acadêmico) e da matemática como meio de desenvolvimento social (do ponto de vista prático). Esses papeis têm que estar relacionado a duas palavras, um tanto quanto especiais, humildade e respeito. Saber ouvir, perceber as diferenças, vivenciar a plenitude da diversidade, faz parte desse universo sociocultural.
            “A pseudo-educação da nobreza, de grupos clericais, do Ensino Domiciliar leva à mesmice, não dá oportunidade ao novo”. “O conhecimento só é possível no encontro com os diferentes, no reconhecimento de que todos são seres humanos” argumenta Ubiratan. Uma ação educativa deve voltar-se para uma ação que visa a recuperação de formas de saber e de fazer de grupos culturais distintos, e isto envolve famílias, comunidades, profissões, que tem suas maneiras próprias de comparar, classificar, ordenar, medir, quantificar, inferir, etc.. Cada manifestação dessa é uma Etnomatemática, na visão do Ubiratan, que tem como objetivo maior reconhecer e organizar essas diferentes maneiras de lidar com a evolução de conceitos matemáticos próprios nas diversas culturas. “Por cultura eu entendo um complexo de manifestações práticas e teóricas visando sobreviver no dia-a-dia e indo além da sobrevivência, lidando com mitos, espiritualidade, religião, arte, língua, fantasia e muitas outras formas de reflexão intelectual” afirma o professor.
            “Há conteúdos demais e aprendizagem de menos”, disserta Ubiratan, e isso torna a matemática desinteressante, obsoleta e inútil. O contexto sociocultural é um fator a ser considerado na Matemática e na Educação Matemática também. O professor de matemática tem na sua disciplina o instrumento necessário para fazer uma análise crítica do que está se passando na sociedade. Lembra Ubiratan que o debate sobre a reforma da previdência dá uma grande oportunidade para compreendermos o que efetivamente são os grandes números que aparecem nas discussões e como isto pode ser interpretado no âmbito da sociedade de uma forma geral.
            Ubiratan nos alerta que a Educação Matemática tem que ser um instrumento de crítica que leve à reflexão sobre a realidade. Este alerta baseia-se na constatação de que a escola está longe de mobilizar o potencial de aprendizagem dos alunos, por mais que tenha havido pequenas mudanças ao longo do tempo.
         O professor Ubiratan termina dizendo que “É precioso conhecer o ambiente cultural, social, econômico, emocional, psicológico do alunos; o professor tem que ter humildade necessária para ouvir e ver o diferente e tem que ter respeito pelo que ouviu e viu do diferente”.

 


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